Deveria ter escrito antes, mas não deu. Só para fechar, vou escrever alguns comentários sobre esta última edição das olimpíadas.
>> Olimpíada é uma competição bem bacana. Nesse período vemos o diálogo, ausente muitas vezes, sugir entre povos do mundo inteiro. Atletas fazerem um esforço "sobre-humano" para realizar seus sonhos. Outros apenas para concluir sua prova, pois seria uma falta de respeito para com seu povo desistir só por que não irá conquistar um pódio.
>> Se fôssemos escolher apenas 1 destaque para o Brasil nas olimpíadas. Este certamente ficaria por conta das mulheres. Elas foram responsável por 2 das 3 medalhas de ouro, 1 das 4 de prata e 3 das 8 de bronze. Pela primeira vez tiveram um desempenho melhor que o dos homens. A judoca Ketleyn Quadros surpreendeu ao conquistar um bronze e entrar para a história brasileira como a primeira atleta a subir ao pódio em provas individuais. Dias depois foi a vez de Maurren Maggi (salto em distância) que conquistou a primeira medalha de ouro feninina em provas individuais. Depois ainda veio o vôlei com outro ouro, o primeiro do voleibol feminino. Teve ainda Isabel Swan e Fernanda Oliveira com o bronze na classe 470 na vela e Natália Falavigna no taekwondo com outro bronze. O futebol feminino chegou a outra final. Venceu a poderosa seleção alemã na semi com autoridade e parecia que afinal iria conquistar um título mundial, mas infelizmente não aconteceu. Na final jogou bem e foi superior na maior parte do tempo normal, mas a seleção amaricana mostrou ter melhor preparo físico e bastante competência para levar o jogo para a prorrogação e vencer nossa seleção.
>> A conquista da Maurren foi bacana demais. Vale dar uma olhada no comentário do Fábio Seixas (Folha da São Paulo): "A menina do motorhome da Williams" e do Teo José:
"A volta por cima
Maurren Maggi é uma vencedora. Dentro e fora das pistas. Não teve um casamento tranqüilo com Antonio Pizzonia, talvez por isso se afastou das pistas, caso de dopping e hoje com todo merecimento do mundo chega a uma medalha de ouro. Medalha dela e do técnico Nélio de Moura. Este um profissional para ser respeitado demais, conseguiu seu segundo ouro - porque também é o treinador do panamenho Irwin Saladino (outro ouro de Pequim).
O Brasil deecepciona em muitas modalidades, mas tem dois ouros de muito merecimento e orgulho. Cesar Cielo e Maurren Maggi. A nossa saltadora é uma vencedora olimpica e na vida. Parabéns garota!"
>> O ouro no vôlei feminino foi outra coisa legal. Por sinal, já deveria ter vindo a mais tempo.
>> O ouro e o bronze do César Cielo foi demais. O cara mandou muito bem.
>> Mas não tem como fugir, esta olimpíada vai ficar marcada pela imagem de 2 atletas. Michael Phelps e Usain Bolt são seus nomes. O primeiro impressiona pelo volume de conquistas. O segundo pela superioridade e carisma, figuraça.
>> O primeiro é um nadador americano com uma aparência, no mínimo, invocada. Conquistou 8 medalhas de ouro em 8 provas disputadas em Pequim e tornou-se recordista em ouros numa só olimpíada. É recordista também em número de medalhas de ouro em olimpíadas. Somando 6 ouros da olimpíada passada, são 14 no total. A imagem que não consigo tirar de minha mente é aquela chegada nos 100 m borboleta, a penúltima final dele. Ali é possível ver o quanto o cara queria aquelas conquistas. Vinha atrás e venceu por apenas um centésimo de segundo.
>> O segundo é um velocista jamaicano. Conquistou ouro e recorde mundial nas três provas de que partipou (100 m, 200 m e 4x100 m). A semi-final dos 100 m foi impressionante. O cara simplesmente puxou o "freio de mão" antes de terminar a prova e ainda assim venceu com folga. Criticaram suas atitudes. Disseram que desrespeita os oponentes. Eu não encaro desta forma. Basta ver a reação das pessoas. Figuraça.
>> Fico indignado ao ler textos como o do link abaixo. Não se pode acusar sem provas. Se têm dúvida de seu desempenho que façam exames, mas não fiquem falando besteiras. As pessoas precisam aprender a confiar mais nos outros.
Bolt, glória e desconfiança
>> Depois de um investimento recorde nesta edição, o Brasil igualou em número de medalhas o melhor resultado até então (Atlanta 1996), mas foi inferior quando comparado o número de ouros. Agora foram 3 contra 5 em Atenas 2004.
>> Em contas da Folha de S.Paulo, que soma verbas governamentais investidas no esporte e inclui Lei Piva, lei de incentivo ao esporte, patrocínios de estatais e projetos como o bolsa atleta, o total de investimento foi de R$ 1,2 bilhão.
>> O Brasil terminou na 23ª posição com 3 ouros, 4 prata e 8 bronzes. Ficando atrás de grandes potenciais como Etiópia, Quênia, Jamaica e Coreia do Sul. Pelo menos ficamos a frente de Cuba (28º) e dos hermanos argentinos (34º).
>> A China finalmente liderou o quadro de medalhas e ultrapassou a marca das 50 medalhas de ouro. Foram 51 de ouro de um total de 100 medalhas. Estados Unidos conquistou 110, mas apenas 36 de ouro. Veja aqui o quadro de medalhas completo.
>> Sobre o que aconteceu com a Fabiana Murer do salto com vara, foi um absurdo sem tamanho, completamente injustificável. Para mim ficou até uma sensação de ter sido algo intencional, não sei exatamente de quem. A seguir comentário do Teo José:
"Fabiana Murer a pé
Se fosse no Brasil iriam pintar várias piadinhas sobre a criminalidade. Hoje, a organização da Olimpíada de Pequim deu prova de uma desorganização que eu nunca presenciei. Perderam uma das dez varas da Fabiana Murer, no salto feminino. Com isto, além da concentração, ela perdeu seu equipamento correto ficando de fora e não podendo lutar por uma medalha.
Nossa melhor atleta nesta modalidade de todos os tempos foi vítima de um erro estúpido. Quatro anos de trabalho duro e sonho ficaram dentro de um tubinho manuseado de forma errada. Onde foi parar a vara ninguém explicou. A revolta está clara. Dela, seus treinadores e de quem acompanha a preparação séria desta competidora de mais alto nível no atletismo mundial.
Nota zero. Ridículo. Revoltante."
>> Gosto de muita coisa que o pessoal do Pânico faz, mas tem hora que eles ultrapassam o limite do tolerável. Um grande absurdo cometido por eles pode ser visto em matéria do UOL (link abaixo). Ninguém tem o direito de zoar de qualquer atleta por resultado. Já é um grande feito para muitos deles chegarem a competir numa olimpíada. Quantas histórias fantásticas não encontraríamos na deleção brasileira. Pessoas que com um baita esforço pessoal conseguiram estar num mínimo grupo de atletas selecionados no mundo inteiro para competir lá. Se o cara ganha uma medalha, é bajulado por todos e tem seu mérito divido com toda a população brasileira e exaltado por dirigentes e governantes como se fossem méritos seus. Se o cara não chega a um pódio, é um "merdinha" que não merece a nossa atenção ao não ser quando ridicularizado pelo Pânico, por exemplo.
"Pânico" faz atletas olímpicos pagarem mico
>> Sobre o cubano que chutou o juiz ao ser desclassificado, é uma pena que só hajam imagens do incidente. O legal seria ouvir o diálogo. Pelo que li, o atleta pediu atendimento médico e a regra da categoria diz que ele tem direito a 1 minuto. Daí o juiz tem que avisar que está acabando o tempo e perguntar ao atleta se ele volta ou não. O juiz teria simplesmente anunciado a vitória do oponente. Daí o cubano foi tirar satisfações e o juiz diz que não jeito. Acabou. Bom ... sendo isso mesmo, eu não vejo razão para banir o atleta e o treinador. Imagina o que passava na cabeça do cubano naquela hora ao se sentir lesado pela atitude do árbitro. Cabia aos árbitros terem um pouco mais de cabeça fria no momento para dialogar com o atleta. Roubou tem que se fud... mesmo. Olho por olho, dente por dente. :P ops ... esta escapou.
>> Para refletir um pouco, recomendo a leitura de um texto do Rogério Elias do blog Velocidade Máxima membro do Amigos da Velocidade. Freqüentemente discordo dele, mas neste texto ele fala exatamente o que penso.
Brasil de ouro? Ou atletas de ouro?
>> Na manhã da prova final da Maggi eu estava escutando rádio (acho que AM 870), em Campinas, e o cara da rádio (não faço idéia de quem seja) comentava sobre as decepções. Os resultados não conquistados pelo Brasil. O cara falava indignado dos atletas brasileiros de destaque que não venceram e nem conquistaram medalha. Ele não era muito claro, mas deixava brecha para pensar na ginástica (como um todo) e no Jadel Gregório, além da seleção masculina de futebol. Falava que a galera ganhava super-bem, que tinha tudo do bom e do melhor, que ganhava tudo que era competição, mas chegava na olimpíada num ganhava nada. Pintava a galera como verdadeiros vilões nacionais. Não vejo a coisa bem por aí. Acho que o resultado positivo interessava até muito mais a eles que a nós. A única exceção aí fica por conta do futebol masculino, que realmente não dá muita bola para olimpíada. Ganham uma baita grana nos clubes e têm grande interesse apenas em copa. Olimpíada é uma competição menor para o futebol. Acho que é isso que eles pensam. Mas certamente para esportes como ginástica, atletismo e natação, olimpíada é das mais importantes para os atletas. Vale lembrar que o esporte é trabalho para eles e que o salário deles depende de resultados.
>> Parabéns aos nossos atletas e equipes técnicas como um todo!!!
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