(artigo publicado no jornal O Estado de S.Paulo em 01/10/06)
Quando se julga um governante com a perspectiva de reelegê-lo, o critério a ser adotado para a decisão do voto deve ser racional. Trata-se de fazer um balanço dos resultados. Ao analisar os principais indicadores governamentais, como políticas sociais, geração de emprego, combate à pobreza, elevação dos salários e da renda, combate ao crime organizado, desempenho da economia, das exportações, controle da inflação, preços dos alimentos, acesso ao crédito, contas públicas, entre outros, não resta dúvida de que o governo Lula produziu resultados melhores do que os do governo Fernando Henrique, do PSDB.
O sentido ético da ação de um governo deve se traduzir em resultados. Tais resultados devem indicar um incremento positivo da liberdade, da justiça e da eqüidade. Na medida em que sob o atual governo, milhões de pessoas saíram da linha da pobreza ou tiveram suas condições de vida melhoradas e mais acesso a bens como educação e cultura, a perspectiva da continuidade e aprofundamento deste processo me motiva a votar em Lula.
Mas voto também com a expectativa de que Lula saiba encontrar um caminho para promover, de forma adequada, a manutenção da estabilidade econômica com o desenvolvimento econômico e social, sinalizando um projeto estratégico para o Brasil.
Outra expectativa é a de que ele promova um pacto de governabilidade com os governadores que serão eleitos pela oposição, colocando o interesse público acima das querelas partidárias. Espero que ele apóie a realização de uma profunda reforma política, com um sentido moralizador e modernizador das instituições, capaz de afirmar os partidos e os programas e de imprimir mais eficácia na coordenação política e nas decisões governamentais.
Os integrantes do novo governo devem saber distinguir claramente o público do privado, o público do partidário. Espero que Lula afaste do governo auxiliares interesseiros, e que convoque, para auxiliá-lo e assessorá-lo, pessoas responsáveis, capazes, despojadas e dotadas de espírito republicano.
Alimento a esperança de que o segundo mandato tenha um sentido reformador, e que eleve o País para um patamar mais justo e desenvolvido. Tenho a convicção de que quando se escolhe um governante deve se escolher alguém que tenha a perspectiva de ser um líder político, um chefe de Estado e não um mero gerente. Penso que a média das minhas expectativas é igual à média das expectativas de todos os eleitores de Lula. Se for reeleito, Lula tem uma obrigação e dever para com o programa de seus eleitores e para com as demandas de dignidade de todos os brasileiros.
Aldo Fornazieri é professor de Política da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo - Fespsp.
quarta-feira, outubro 04, 2006
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