Isso é uma palhaçada. O prefeito de São Paulo ficar tirando onda de um acidente onde morreram, pelo menos, sete pessoas e várias pessoas tiveram suas casas, pertences e registros de sua história destruídos.
quarta-feira, janeiro 31, 2007
quinta-feira, janeiro 18, 2007
terça-feira, janeiro 16, 2007
segunda-feira, janeiro 15, 2007
Tragédia da Gol em documentário do Discovery
Saiu na Folha que o Discovery Channel irá produzir um documentário sobre o acidente do vôo 1907 da Gol.
Espero que não mostrem os pilotos americanos como heróis. Por enquanto, não os culpo de nada, mas dizer que o condutor de um veículo envolvido em um acidente onde morreram 154 pessoas é herói não dá. O episódio (acidente e desdobramentos) também serviu para mais uma vez mostrar o espírito americano (ou melhor, estado-unidense) de que se acham estar acima de tudo e de todos. Concordo com eles se disserem que a imprensa brasileira os fez culpados. Mas duvido muito que, em situação oposta, pilotos brasileiros seriam imediatamente liberados. Eles, no mínimo, são pessoas chaves no processo de avaliação do acidente.
Espero que não mostrem os pilotos americanos como heróis. Por enquanto, não os culpo de nada, mas dizer que o condutor de um veículo envolvido em um acidente onde morreram 154 pessoas é herói não dá. O episódio (acidente e desdobramentos) também serviu para mais uma vez mostrar o espírito americano (ou melhor, estado-unidense) de que se acham estar acima de tudo e de todos. Concordo com eles se disserem que a imprensa brasileira os fez culpados. Mas duvido muito que, em situação oposta, pilotos brasileiros seriam imediatamente liberados. Eles, no mínimo, são pessoas chaves no processo de avaliação do acidente.
Desabamento nas obras do metrô (SP)
A nota do tal consórcio responsável pelas obras no metrô é simplesmente bizarro. Dizer que o responsável pelo acidente foi a chuva? Paciência. Se não tem o que falar fica calado que é o melhor que se faz.
sexta-feira, janeiro 12, 2007
Crédito ou débito?
Você vai a uma loja, decide comprar algo, vai ao caixa e entrega o cartão. Daí a pergunta: "Crédito ou débito?". Esta é uma coisa que acho estranha. Você acabou de fazer um débito na loja. Crédito e débito são antônimos. Acho muito estranho.
Adriano: o mais novo “imortal” do Hall da Fama do Rei Pelé
Matéria publicada pela Gazeta de Alagoas.
Adriano, campeão mundial de clubes pelo Internacional, eternizou ontem suas impressões plantares no Hall da Fama Lauthenay Perdigão, no Estádio Rei Pelé.
Acompanhado do filho Adriano Júnior dos Santos Vieira, o atacante alagoano se emocionou ao ser homenageado. O jogador agradeceu pelo reconhecimento ao seu trabalho e a sua carreira.
Adriano, campeão mundial de clubes pelo Internacional, eternizou ontem suas impressões plantares no Hall da Fama Lauthenay Perdigão, no Estádio Rei Pelé.
Acompanhado do filho Adriano Júnior dos Santos Vieira, o atacante alagoano se emocionou ao ser homenageado. O jogador agradeceu pelo reconhecimento ao seu trabalho e a sua carreira.
Sobre violência e estado
Entrevista com Tim Cahill, pesquisador da Anistia Internacional para o Brasil, realizada pela Carta Maior.
quinta-feira, janeiro 11, 2007
Telefone garibado
O tal do iPhone da Apple é um telefone e tanto, um troço meio futurista e cheio de recursos legais.
quarta-feira, janeiro 10, 2007
Teoria conspitarória: Acidente da GOL
Recebi esta mensagem por e-mail. Quero deixar claro que não concordo.
Não vim aqui expor nenhuma tese conspiradora a respeito dos fatos ocorridos
recentemente, cuja relevância se estende na morte de 154 pessoas e do
sofrimento de suas famílias. No entanto, não podemos deixar de reparar em
alguns detalhes específicos que devem ser analisados pelas autoridades
competentes.
Sabemos que no suposto acidente, entre as vítimas, haviam mulheres, algumas
crianças até mesmo pastor da Assembléia de Deus. No entanto, haviam outros
passageiros que me despertaram a atenção.
Um certo grupo que estava no avião, o famoso grupo da pescaria, eram
indivíduos bastante conhecidos do meio médico-científico, conhecidos pelo
trabalho na área de engenharia genética, até mesmo desenvolvimento de alta
tecnologia. Outros membros que também me chamaram bastante a atenção foram
os membros do ministério da defesa, e outros cientistas brasileiros na área
de antropologia, biologia e genética.
Outro passageiro que chamou bastante a atenção, foi o norte americano sem
história que também estava no avião. E ninguém sabe quem é, a não ser o
próprio seguro social nos Estados Unidos, que o identificou como um simples
transeunte americano. Só não consigo imaginar, o que um mendigo americano
fazia neste avião. E daí vem a bomba.
Alguns boatos, informaram sobre certas pesquisas realizadas na região,
assunto do governo, segredo de estado. Não se sabe exatamente do que se
tratava, apenas que vários cientistas brasileiros estavam trabalhando no
desenvolvimento de um novo tipo de combustível baseado em vírus. Isso
mesmo, produção de energia baseada na manipulação genética de vírus, o MIT
- Instituto Tecnológico de Massasuchets estavam desenvolvendo algo parecido
para criar baterias de Laptops mais potentes, revestiram os vírus com
moléculas de óxido de cobalto e partículas de ouro e em seguida os
alinharam para formar minúsculos fios que servem como o anodo na bateria.
A equipe de oito pessoas do MIT descreveu o trabalho em uma das edições de
abril do jornal Science. No entanto, o que se sabe do desenvolvimento da
pesquisa brasileira, não limitava-se a apenas uma simples bateria de
notebook, mas em uma fonte de energia limpa e auto suficiente, auto
geradora, e a um custo baixíssimo.
A solução do século estava dentro do avião que caiu em função de uma
manobra irresponsável de dois pilotos americanos inconseqüentes? Parece
meio absurdo, como escaparam de morrer desta forma? A soma de coincidências
neste caso ultrapassa a barreira da realidade e do bom senso. Foi uma
grande coincidência que no avião estivesse um famoso repórter americano pra
divulgar a verdade com o acidente.
Também foi coincidência o fato de que o avião americano desligou o
transponder para que não fosse possível a localização da altitude do avião.
Que não foi possível que os controladores de vôo não conseguissem comunicar
nem com um avião nem com o outro. Porque o Boing da GOL não respondeu o
chamado do rádio?
Querem saber minha opinião? Porque todos já estavam mortos, devido a bomba
de gás que estava a bordo com o passageiro americano desconhecido. Porque a
Excel Air fez questão de filmar o LEGACY no momento da decolagem? Imagino
que seja para comprovar que ele não estava avariado quando subiu. Mas não
foi o LEGACY que colidiu com o vôo 1907!!! Se fosse, ele estaria em
pedaços.
Estamos diante de uma grande armação. Após isso o avião simplesmente
caiu!!!
O LEGACY não estava lá por acaso, era simplesmente o maior "laranja" da
história. Observem a lista dos passageiros, vão ver os nomes dos nossos
heróis brasileiros que foram assassinados pelo governo americano ou pela
empresa Cambrios Technologies, na Califórnia, que comercializa tecnologia
biológica em todo planeta. Nossos membros do Ministério da Defesa, sabem do
que estou falando. Seus homens estavam lá pra proteger estas pessoas e suas
pesquisas, ou talvez mais uma coincidência?
Só o que espero é que nosso governo admita os fatos que ocorreram, e puna
com severidade os responsáveis pelo ocorrido.
Não vim aqui expor nenhuma tese conspiradora a respeito dos fatos ocorridos
recentemente, cuja relevância se estende na morte de 154 pessoas e do
sofrimento de suas famílias. No entanto, não podemos deixar de reparar em
alguns detalhes específicos que devem ser analisados pelas autoridades
competentes.
Sabemos que no suposto acidente, entre as vítimas, haviam mulheres, algumas
crianças até mesmo pastor da Assembléia de Deus. No entanto, haviam outros
passageiros que me despertaram a atenção.
Um certo grupo que estava no avião, o famoso grupo da pescaria, eram
indivíduos bastante conhecidos do meio médico-científico, conhecidos pelo
trabalho na área de engenharia genética, até mesmo desenvolvimento de alta
tecnologia. Outros membros que também me chamaram bastante a atenção foram
os membros do ministério da defesa, e outros cientistas brasileiros na área
de antropologia, biologia e genética.
Outro passageiro que chamou bastante a atenção, foi o norte americano sem
história que também estava no avião. E ninguém sabe quem é, a não ser o
próprio seguro social nos Estados Unidos, que o identificou como um simples
transeunte americano. Só não consigo imaginar, o que um mendigo americano
fazia neste avião. E daí vem a bomba.
Alguns boatos, informaram sobre certas pesquisas realizadas na região,
assunto do governo, segredo de estado. Não se sabe exatamente do que se
tratava, apenas que vários cientistas brasileiros estavam trabalhando no
desenvolvimento de um novo tipo de combustível baseado em vírus. Isso
mesmo, produção de energia baseada na manipulação genética de vírus, o MIT
- Instituto Tecnológico de Massasuchets estavam desenvolvendo algo parecido
para criar baterias de Laptops mais potentes, revestiram os vírus com
moléculas de óxido de cobalto e partículas de ouro e em seguida os
alinharam para formar minúsculos fios que servem como o anodo na bateria.
A equipe de oito pessoas do MIT descreveu o trabalho em uma das edições de
abril do jornal Science. No entanto, o que se sabe do desenvolvimento da
pesquisa brasileira, não limitava-se a apenas uma simples bateria de
notebook, mas em uma fonte de energia limpa e auto suficiente, auto
geradora, e a um custo baixíssimo.
A solução do século estava dentro do avião que caiu em função de uma
manobra irresponsável de dois pilotos americanos inconseqüentes? Parece
meio absurdo, como escaparam de morrer desta forma? A soma de coincidências
neste caso ultrapassa a barreira da realidade e do bom senso. Foi uma
grande coincidência que no avião estivesse um famoso repórter americano pra
divulgar a verdade com o acidente.
Também foi coincidência o fato de que o avião americano desligou o
transponder para que não fosse possível a localização da altitude do avião.
Que não foi possível que os controladores de vôo não conseguissem comunicar
nem com um avião nem com o outro. Porque o Boing da GOL não respondeu o
chamado do rádio?
Querem saber minha opinião? Porque todos já estavam mortos, devido a bomba
de gás que estava a bordo com o passageiro americano desconhecido. Porque a
Excel Air fez questão de filmar o LEGACY no momento da decolagem? Imagino
que seja para comprovar que ele não estava avariado quando subiu. Mas não
foi o LEGACY que colidiu com o vôo 1907!!! Se fosse, ele estaria em
pedaços.
Estamos diante de uma grande armação. Após isso o avião simplesmente
caiu!!!
O LEGACY não estava lá por acaso, era simplesmente o maior "laranja" da
história. Observem a lista dos passageiros, vão ver os nomes dos nossos
heróis brasileiros que foram assassinados pelo governo americano ou pela
empresa Cambrios Technologies, na Califórnia, que comercializa tecnologia
biológica em todo planeta. Nossos membros do Ministério da Defesa, sabem do
que estou falando. Seus homens estavam lá pra proteger estas pessoas e suas
pesquisas, ou talvez mais uma coincidência?
Só o que espero é que nosso governo admita os fatos que ocorreram, e puna
com severidade os responsáveis pelo ocorrido.
terça-feira, janeiro 09, 2007
Advogado é doutor?
Uma boa dica do Augusto Devegili. Um texto de Túlio Vianna.
O Juiz de Direito Antônio Marreiros da Silva Melo Neto continua querendo obrigar o porteiro de seu prédio a chamá-lo de “doutor”. Inconformado com a sentença de ¹ª instância que teve o bom senso de julgar improcedente seu pedido, o magistrado apelou ao TJRJ para tentar garantir o tratamento cerimonioso.
Em um primeiro momento acreditei que este era apenas mais um daqueles casos que, de tão bizarro, não merece sequer um comentário. Foi quando descobri que no Orkut, há comunidades criadas exclusivamente com o intuito de debaterem se advogados e médicos têm ou não o direito de ostentarem o título de “doutor”.
Pior: em algumas delas, advogados “defenderam a tese” (as aspas são inevitáveis) de que o Decreto Imperial de 1º de agosto de 1825, que criou os cursos de Ciências Jurídicas no Brasil, conferiu aos advogados o título de doutor e, por não ter sido expressamente revogado, ainda estaria em vigor (!?).
Tiraram do baú uma norma com 200 anos de história para justificarem o “dr.” antes do nome… Querem ser doutores nem que seja por decreto!
É óbvio que esse decreto jamais poderia ter sido recepcionado pela Constituição de 1988, por sua escancarada afronta ao princípio da igualdade. Além do mais o art.53, VI, da Lei de Diretrizes Básicas garante às universidades a atribuição de conferir graus, diplomas e outros títulos. Assim, evidentemente, só é doutor quem tem um diploma universitário de doutor. Não é necessário ser doutor em Direito para se saber disso…
Entre tantos disparates, salva-se o preciso comentário do doutor em lingüística Max Guimarães, na comunidade Dr. é quem tem doutorado:
É preciso saber dimensionar devidamente a questão, e não se restringir aos limites de tempo e espaço da história do Brasil. Em primeiro lugar, não é em todo lugar do mundo que médicos e/ou advogados recebem o tratamento de doutor. Em segundo lugar, a terminologia doutor vem sendo usada internacionalmente para designar os que têm o máximo grau acadêmico (em qualquer área) desde antes do tal decreto imperial no Brasil, e desde antes de médicos/advogados receberem o tratamento de doutor fora do Brasil. Aliás, naquele decreto, a palavra doutor não foi escolhida aleatoriamente. Foi escolhida porque era uma palavra internacionalmente conhecida e usada para se referir aos intelectuais de grau mais avançado na academia. Aquele decreto imperial, sim, é que foi um roubo. Foi roubo de uma terminologia amplamente em uso no contexto internacional para outros fins. Tal forma de tratamento estava associada a status, e seu uso, desde então, vem perpetuando essa visão estúpida e preconceituosa de que medicina e direito são profissões mais nobres que as outras. E todo médico ou advogado que faz questão de se tratado dessa forma (e que trata a si mesmo e a seus colegas de profissão dessa forma) está contribuindo ativamente para a perpetuação dessa mentalidade. É verdade que, naquele tempo, no Brasil, só havia graduação em medicina e em direito. Logo, os médicos e advogados brasileiros eram portadores do mais elevado grau acadêmico que se podia atingir no Brasil. Mas, naquele mesmo tempo, já havia, fora do Brasil, programas acadêmicos de doutorado stricto sensu.
Historicamente, o doutorado corresponde aO GRAU MÁXIMO DE FORMAÇÃO ACADÊMICA. Nos primórdios da Universidade, havia uma quase coincidência entre “grau máximo” e “grau”. Eram pouquíssimos os que entravam para a universidade… e estes se rachavam de estudar por quanto tempo fosse necessário, e saiam de lá com O GRAU MÁXIMO DE FORMAÇÃO ACADÊMICA existente. Não havia meio termo. Aos poucos que concluíam esse percurso, era concedido o título de DOUTOR. Isso quer dizer que os médicos de antigamente eram doutores, assim como os filósofos, os matemáticos, etc. Este título de doutor habilitava o ondivíduo a formar novos doutores. A palavra doutor não foi escolhida aleatoriamente. A origem etimológica de doutor vem de DOCTOR, que em latim significa “ensinador”, e de DOCERE, que em latim significa “ensinar” (veja que a raiz etimológica da palavra remonta ao trabalho intelectual acadêmico, e não à prática clínica ou jurídica). Naquela época, a carreira acadêmica era praticamente inevitável. Um doutor em filosofia ou matemática não tinham muito o que fazer depois, além de formar novas gerações de filósofos e matemáticos. Mas, com os doutores em medicina, era diferente. Havia MUITO o que se fazer. E, fora da academia, os médicos eram merecidamente chamados de doutores, pois eles realmente o eram. Como o trabalho dos matemáticos, gramáticos e filósofos não eram tão visíveis para o cidadão comum, a palavra “doutor” acabou sendo usada como sinônimo de “médico”. Naquele tempo, isso fazia sentido. Hoje, isso é anacrônico, e as pessoas continuam chamando médicos de doutores por força de um hábito secular.
Depois, com a expansão do conhecimento, com certas mudanças na dinâmica da sociedade, com a necessidade de se ter mais e mais gente formalmente educada trabalhando em vários campos, com o aumento gradativo do número de pessoas que passaram a ter acesso às Universidades, e o aumento gradativo do próprio número de Universidades, o sistema acadêmico foi incorporando níveis intermediários, que acabaram prolongando o tempo necessário para se chegar ao tal grau máximo de formação acadêmica. Isso fica muito mais claro em línguas como o inglês. Em português, dizemos graduação (para bacharelado e licenciatura) e pós-graduação (para mestrado e doutorado). Em inglês, o que se diz é “undergraduate degree” (para bacharelado e licenciatura) e “graduate degree” (para mestrado e doutorado). Ou seja, é a mesma coisa que usarmos o termo SUBGRADUAÇÃO ou PRÉ-GRADUAÇÃO para bacharelado e licenciatura, e GRADUAÇÃO para mestrado e doutorado. Esta terminologia anglo-saxã é bem mais transparente quanto às origens das hierarquias entre cursos acadêmicos. Portanto, é absurdo querer mudar (na força bruta) o nome do título daqueles que têm o grau máximo de formação acadêmica por causa da homofonia que o nome desse título tem com uma forma de tratamento dada aos médicos em linguagem coloquial.
O Juiz de Direito Antônio Marreiros da Silva Melo Neto continua querendo obrigar o porteiro de seu prédio a chamá-lo de “doutor”. Inconformado com a sentença de ¹ª instância que teve o bom senso de julgar improcedente seu pedido, o magistrado apelou ao TJRJ para tentar garantir o tratamento cerimonioso.
Em um primeiro momento acreditei que este era apenas mais um daqueles casos que, de tão bizarro, não merece sequer um comentário. Foi quando descobri que no Orkut, há comunidades criadas exclusivamente com o intuito de debaterem se advogados e médicos têm ou não o direito de ostentarem o título de “doutor”.
Pior: em algumas delas, advogados “defenderam a tese” (as aspas são inevitáveis) de que o Decreto Imperial de 1º de agosto de 1825, que criou os cursos de Ciências Jurídicas no Brasil, conferiu aos advogados o título de doutor e, por não ter sido expressamente revogado, ainda estaria em vigor (!?).
Tiraram do baú uma norma com 200 anos de história para justificarem o “dr.” antes do nome… Querem ser doutores nem que seja por decreto!
É óbvio que esse decreto jamais poderia ter sido recepcionado pela Constituição de 1988, por sua escancarada afronta ao princípio da igualdade. Além do mais o art.53, VI, da Lei de Diretrizes Básicas garante às universidades a atribuição de conferir graus, diplomas e outros títulos. Assim, evidentemente, só é doutor quem tem um diploma universitário de doutor. Não é necessário ser doutor em Direito para se saber disso…
Entre tantos disparates, salva-se o preciso comentário do doutor em lingüística Max Guimarães, na comunidade Dr. é quem tem doutorado:
É preciso saber dimensionar devidamente a questão, e não se restringir aos limites de tempo e espaço da história do Brasil. Em primeiro lugar, não é em todo lugar do mundo que médicos e/ou advogados recebem o tratamento de doutor. Em segundo lugar, a terminologia doutor vem sendo usada internacionalmente para designar os que têm o máximo grau acadêmico (em qualquer área) desde antes do tal decreto imperial no Brasil, e desde antes de médicos/advogados receberem o tratamento de doutor fora do Brasil. Aliás, naquele decreto, a palavra doutor não foi escolhida aleatoriamente. Foi escolhida porque era uma palavra internacionalmente conhecida e usada para se referir aos intelectuais de grau mais avançado na academia. Aquele decreto imperial, sim, é que foi um roubo. Foi roubo de uma terminologia amplamente em uso no contexto internacional para outros fins. Tal forma de tratamento estava associada a status, e seu uso, desde então, vem perpetuando essa visão estúpida e preconceituosa de que medicina e direito são profissões mais nobres que as outras. E todo médico ou advogado que faz questão de se tratado dessa forma (e que trata a si mesmo e a seus colegas de profissão dessa forma) está contribuindo ativamente para a perpetuação dessa mentalidade. É verdade que, naquele tempo, no Brasil, só havia graduação em medicina e em direito. Logo, os médicos e advogados brasileiros eram portadores do mais elevado grau acadêmico que se podia atingir no Brasil. Mas, naquele mesmo tempo, já havia, fora do Brasil, programas acadêmicos de doutorado stricto sensu.
Historicamente, o doutorado corresponde aO GRAU MÁXIMO DE FORMAÇÃO ACADÊMICA. Nos primórdios da Universidade, havia uma quase coincidência entre “grau máximo” e “grau”. Eram pouquíssimos os que entravam para a universidade… e estes se rachavam de estudar por quanto tempo fosse necessário, e saiam de lá com O GRAU MÁXIMO DE FORMAÇÃO ACADÊMICA existente. Não havia meio termo. Aos poucos que concluíam esse percurso, era concedido o título de DOUTOR. Isso quer dizer que os médicos de antigamente eram doutores, assim como os filósofos, os matemáticos, etc. Este título de doutor habilitava o ondivíduo a formar novos doutores. A palavra doutor não foi escolhida aleatoriamente. A origem etimológica de doutor vem de DOCTOR, que em latim significa “ensinador”, e de DOCERE, que em latim significa “ensinar” (veja que a raiz etimológica da palavra remonta ao trabalho intelectual acadêmico, e não à prática clínica ou jurídica). Naquela época, a carreira acadêmica era praticamente inevitável. Um doutor em filosofia ou matemática não tinham muito o que fazer depois, além de formar novas gerações de filósofos e matemáticos. Mas, com os doutores em medicina, era diferente. Havia MUITO o que se fazer. E, fora da academia, os médicos eram merecidamente chamados de doutores, pois eles realmente o eram. Como o trabalho dos matemáticos, gramáticos e filósofos não eram tão visíveis para o cidadão comum, a palavra “doutor” acabou sendo usada como sinônimo de “médico”. Naquele tempo, isso fazia sentido. Hoje, isso é anacrônico, e as pessoas continuam chamando médicos de doutores por força de um hábito secular.
Depois, com a expansão do conhecimento, com certas mudanças na dinâmica da sociedade, com a necessidade de se ter mais e mais gente formalmente educada trabalhando em vários campos, com o aumento gradativo do número de pessoas que passaram a ter acesso às Universidades, e o aumento gradativo do próprio número de Universidades, o sistema acadêmico foi incorporando níveis intermediários, que acabaram prolongando o tempo necessário para se chegar ao tal grau máximo de formação acadêmica. Isso fica muito mais claro em línguas como o inglês. Em português, dizemos graduação (para bacharelado e licenciatura) e pós-graduação (para mestrado e doutorado). Em inglês, o que se diz é “undergraduate degree” (para bacharelado e licenciatura) e “graduate degree” (para mestrado e doutorado). Ou seja, é a mesma coisa que usarmos o termo SUBGRADUAÇÃO ou PRÉ-GRADUAÇÃO para bacharelado e licenciatura, e GRADUAÇÃO para mestrado e doutorado. Esta terminologia anglo-saxã é bem mais transparente quanto às origens das hierarquias entre cursos acadêmicos. Portanto, é absurdo querer mudar (na força bruta) o nome do título daqueles que têm o grau máximo de formação acadêmica por causa da homofonia que o nome desse título tem com uma forma de tratamento dada aos médicos em linguagem coloquial.
BBB 7
Segundo a coluna Zapping, da Folha, a intensão deste Big Brither é, mais do que nunca, partir para a putaria.
As seguintes frase são atribuídas a Boninho (diretor do programa) segundo a signatária da coluna:
"Desta vez selecionamos mulheres mais ousadas, afetadas e com menos pudor"
"Quero evitar que surja uma nova Grazi no 'BBB'"
Quanto a Grazi, ela explica que o problema é que ela é muito recatada.
As seguintes frase são atribuídas a Boninho (diretor do programa) segundo a signatária da coluna:
"Desta vez selecionamos mulheres mais ousadas, afetadas e com menos pudor"
"Quero evitar que surja uma nova Grazi no 'BBB'"
Quanto a Grazi, ela explica que o problema é que ela é muito recatada.
YouTube x Cicarelli
Dois textos interessantes sobre o bloqueio do YouTube no Brasil, em decorrência de processo movido por Cicarelli.
O primeiro de autoria de Josias de Souza, Folha.
O segundo de autoria de Miguel Galves.
Há também uma mensagem no Jacaré Banguela entitulada "Não Deu!". A quem interessar possa nela há alternativas para acesso ao YouTube.
O primeiro de autoria de Josias de Souza, Folha.
O segundo de autoria de Miguel Galves.
Há também uma mensagem no Jacaré Banguela entitulada "Não Deu!". A quem interessar possa nela há alternativas para acesso ao YouTube.
segunda-feira, janeiro 08, 2007
Sindicato não quer mudança de horário
Matéria publicada na Gazeta de Alagoas.
"O decreto que determina que os órgãos estaduais devem ampliar o horário de atendimento para dois turnos, de 8h ao meio-dia, e de 14h às 18h, foi uma das primeiras medidas impopulares do governador Teotonio Vilela.
O Sindicato dos Trabalhadores do Detran alega que não há condições de os funcionários do órgão, com sede no Pontal da Barra, cumprirem a determinação. Eles se reuniram na terça-feira para redigir um documento que será entregue ao novo presidente do órgão, mostrando a inviabilidade de acabar com o horário corrido de 8h às 14h, como acontece atualmente, apesar de todos os funcionários terem carga horária de 40h. PB"
Parece que o pessoal aí do sindicato está zombado de nós. Eles têm direito a trabalhar apenas 6 horas recebendo por 8. Diga que o atual sistema de transporte não permite tal horário, que precisa melhorar. Mas dizer que não é possível para este povo aí trabalhar 8 horas, paciência.
"O decreto que determina que os órgãos estaduais devem ampliar o horário de atendimento para dois turnos, de 8h ao meio-dia, e de 14h às 18h, foi uma das primeiras medidas impopulares do governador Teotonio Vilela.
O Sindicato dos Trabalhadores do Detran alega que não há condições de os funcionários do órgão, com sede no Pontal da Barra, cumprirem a determinação. Eles se reuniram na terça-feira para redigir um documento que será entregue ao novo presidente do órgão, mostrando a inviabilidade de acabar com o horário corrido de 8h às 14h, como acontece atualmente, apesar de todos os funcionários terem carga horária de 40h. PB"
Parece que o pessoal aí do sindicato está zombado de nós. Eles têm direito a trabalhar apenas 6 horas recebendo por 8. Diga que o atual sistema de transporte não permite tal horário, que precisa melhorar. Mas dizer que não é possível para este povo aí trabalhar 8 horas, paciência.
Trapalhadas com cartões
Este mundo moderno. Hoje em dia a gente anda cheio de cartões: identidade, CPF, cartão do banco, cartão de crédito, ... são trocentos.
Não é tão raro eu fazer confunsão com alguns deles. Tenho problemas com três em particular (os que mais utilizo). O primeiro é o RA (carteira de estudante da Unicamp), que dá acesso ao laboratório, biblioteca, restaurante universitário, ... trocentos lugares na universidade e meia-entrada. O segundo é o Bilhete Único, o cartão de ônibus daqui de Campinas. Finalmente, o terceiro é o meu crachá da empresa.
Uma vez cheguei ao laboratório e entreguei o Bilhete Único ao segurança imaginando que tinha entregue o RA. O segurança ficou olhando aquilo, estranhando, não teve nem reação de cobrar o RA. Daí eu percebi e olhei mais atento para mão dele e vi que não estava com o RA. Pedi desculpa e troquei os cartões. Outra vez cheguei no ônibus e a catraca não liberava. Tentei umas três vezes até perceber que o cartão que estão tentando usar era o RA. Outra vez ainda tentei entrar num terminal de ônibus usando meu crachá da empresa. Desta vez desencanei e até tirei piada com a situação. O cobrador ficou se abrindo.
Não é tão raro eu fazer confunsão com alguns deles. Tenho problemas com três em particular (os que mais utilizo). O primeiro é o RA (carteira de estudante da Unicamp), que dá acesso ao laboratório, biblioteca, restaurante universitário, ... trocentos lugares na universidade e meia-entrada. O segundo é o Bilhete Único, o cartão de ônibus daqui de Campinas. Finalmente, o terceiro é o meu crachá da empresa.
Uma vez cheguei ao laboratório e entreguei o Bilhete Único ao segurança imaginando que tinha entregue o RA. O segurança ficou olhando aquilo, estranhando, não teve nem reação de cobrar o RA. Daí eu percebi e olhei mais atento para mão dele e vi que não estava com o RA. Pedi desculpa e troquei os cartões. Outra vez cheguei no ônibus e a catraca não liberava. Tentei umas três vezes até perceber que o cartão que estão tentando usar era o RA. Outra vez ainda tentei entrar num terminal de ônibus usando meu crachá da empresa. Desta vez desencanei e até tirei piada com a situação. O cobrador ficou se abrindo.
Doutorandos
Ontem acompanhei minha esposa em um prova de concurso que ocorreu no prédio da PUC Campinas. Estávamos subindo uma escada quando dei de cara com uma desta placas de formatura cheias de nomes. Deveria ter uns 30 ou 40 nomes.
Uma coisa que me chamou bastante a atenção naquela placa foi o título "Doutorandos". Comecei logo a pensar "A PUC Campinas tem curso de doutorado?", "que legal", "Poxa, eles conseguem forma tanto doutor junto assim?", "Tem alguma coisa errada", "Opa". Aquela era uma placa de formando em medicina. Que coisa, acredito que todos os outros cursos simplesmente utilizam o título padrão "Formando".
Gostaria de entender de onde vem toda esta tara de médico ser chamado de "DOUTOR". Ô coisa.
Talvez já tenha falado isso alguma vez por aqui, mas na dúvida. Trabalhei durante dois anos em uma clínica. Fiquei impressionado no dia em que me disseram que estava no regimento do hospital que os médicos deveriam ser tratados por Doutor. Era engraçado, eu fazia questão de nunca falar o tal título. Uma secretária ficava maluca. Eu termina de falar o nome sem o tal título e ela seguia falando o nome antecidido pelo título umas três vezes. Era muito engraçado.
Uma coisa que me chamou bastante a atenção naquela placa foi o título "Doutorandos". Comecei logo a pensar "A PUC Campinas tem curso de doutorado?", "que legal", "Poxa, eles conseguem forma tanto doutor junto assim?", "Tem alguma coisa errada", "Opa". Aquela era uma placa de formando em medicina. Que coisa, acredito que todos os outros cursos simplesmente utilizam o título padrão "Formando".
Gostaria de entender de onde vem toda esta tara de médico ser chamado de "DOUTOR". Ô coisa.
Talvez já tenha falado isso alguma vez por aqui, mas na dúvida. Trabalhei durante dois anos em uma clínica. Fiquei impressionado no dia em que me disseram que estava no regimento do hospital que os médicos deveriam ser tratados por Doutor. Era engraçado, eu fazia questão de nunca falar o tal título. Uma secretária ficava maluca. Eu termina de falar o nome sem o tal título e ela seguia falando o nome antecidido pelo título umas três vezes. Era muito engraçado.
sábado, janeiro 06, 2007
Viagem ao planeta Google
Matéria da revista Época, 18/12/06
Como dois garotos da Califórnia criaram a cultura empresarial mais inovadora do mundo
JOÃO GABRIEL DE LIMA, de Mountain View
O google é a empresa que melhor traduz o espírito de nosso tempo. Ela está para o século XXI assim como Ford ou Coca-Cola estiveram para o século XX. A Ford inventou a linha de montagem e inaugurou a era do consumo de massa. A Coca-Cola, refrigerante químico que não imitava o sabor de nenhuma fruta, é o símbolo da era das marcas. O Google representa outra época - a era da inovação. A era em que uma boa idéia vale milhões de dólares. Ou bilhões.
O sistema de buscas do Google é uma idéia assim. Seus criadores, Larry Page e Sergey Brin, debruçaram-se sobre uma das questões cruciais de nosso tempo: num mundo dominado pela informação, como saber o que é relevante? Passaram noites em claro nos dormitórios da Universidade Stanford, em Palo Alto, na Califórnia, e chegaram a um método de busca, chamado "Page Rank", que hierarquiza as informações de acordo com o número de páginas da internet que as citam (por meio de links). Brin e Page tiveram uma única idéia genial - uma idéia de US$ 150 bilhões, valor aproximado do Google no mercado acionário. Em oito anos de existência, o Google já vale mais que a Coca-Cola.
Pode-se definir o Google como uma empresa em que 9 mil funcionários tentam ter uma idéia tão genial e tão valiosa quanto a que Brin e Page tiveram em 1998 e que deu origem à empresa. Estima-se que o Google, nos últimos três anos, tenha lançado um produto novo por semana.
Muitos são colocados no ar em caráter experimental e retirados em seguida. Por isso é difícil saber exatamente quantos tentáculos o Google possui. No momento em que você lê esta reportagem, há cerca de 40 produtos funcionando e mais 30 em caráter experimental.
A volúpia de lançamentos frenéticos e inacabados do Google se baseia em uma lógica empresarial ousada e pioneira: a companhia abre suas idéias para que os concorrentes as copiem e aperfeiçoem. Há um pensamento estratégico por trás desse aparente disparate. "Cada idéia lançada pelo Google é um potencial novo Google, pode ser um bilhete premiado", escreveu o analista Phillip Remek, da consultoria Guzman & Co, especializada em tecnologia. "Eles lançam tantos produtos para desnortear os concorrentes, são espertos o suficiente para saber que poucos seriam tão espertos para saber qual é o bilhete premiado com cinco anos de antecedência."
Das mais de 150 idéias que os 9 mil funcionários do Google tiveram nos últimos três anos, algumas são geniais. É o caso do Orkut, o site de relacionamentos que faz um tremendo sucesso no Brasil. Outras idéias inovadoras, o Google soube comprar dos próprios inventores. É o caso do Google Earth, o site em que é possível localizar qualquer lugar do planeta Terra e obter uma foto aérea com algum nível de detalhe, ou do célebre YouTube, o maior site de vídeos do mundo. O que torna o Google tão inovador?
O Google reflete o espírito de nosso tempo porque se localiza no lugar do mundo que está para os dias de hoje como Florença para a época renascentista: o Vale do Silício, na Califórnia. Em Florença, a prosperidade dos Médicis impulsionava os artistas por meio do mecenato. Na Califórnia, a economia mais pujante do mundo encontra seu pólo de vanguarda. Como costuma ocorrer nos focos de prosperidade econômica, é lá que aparecem as idéias inovadoras. Do eBay, que mudou o comércio, ao YouTube, que transformou radicalmente o mundo das imagens, é no Vale do Silício que surgem as iniciativas de maior impacto cultural na atualidade. O Google está no centro dessa efervescência. Um passeio por sua sede mostra como funciona a Florença do século XXI e como essa cultura gerou a empresa mais inovadora do mundo.
A CULTURA GOOGLE E OS "GOOGLEYS"
1. Ambiente de campus universitário
A sede do Google fica em Mountain View, cidadezinha da Califórnia a aproximadamente uma hora de trem de São Francisco. Três estações antes de Mountain View está Palo Alto, onde se localiza a Universidade Stanford, a segunda melhor dos Estados Unidos de acordo com o ranking elaborado anualmente pela revista semanal U.S. News and World Report (a primeira é Harvard). Page e Brin estudaram em Stanford. O Google foi lançado experimentalmente como o programa de buscas da biblioteca da universidade. A idéia toda foi desenvolvida com um orçamento de US$ 10 mil. Brin e Page acreditam que nenhum ambiente é mais inovador que uma universidade. No Googleplex, nome pelo qual é também conhecida a sede do Google, os dois tentam reviver o ambiente de Stanford, três estações de trem adiante.
Empresas de tecnologia gostam de usar a palavra campus para definir seus Q.Gs. Embora a Microsoft também faça isso, em nenhum lugar a denominação parece mais apropriada que no Google. A sede da empresa realmente parece uma faculdade. Os funcionários, em geral abaixo de 30 anos, costumam ir trabalhar com a mesma roupa com que iriam a um show de rock. Bermuda, boné e camiseta são trajes comuns. As baias de trabalho parecem quartos de adolescentes. Em geral são bagunçadas e adornadas por pôsteres de divas pop, como Britney Spears, ou esportistas, como Shaquille O'Neal. Ninguém é obrigado a trabalhar nas baias. Nos dias de sol - e eles são muitos na Califórnia, mesmo na região de São Francisco, conhecida pelo índice alto de chuvas -, é comum ver jovens sentados nos gramados do campus com seus laptops.
O guru do liberalismo, Milton Friedman, costumava dizer que em economia não existe almoço grátis. No Google existe. Os funcionários da empresa têm direito a três refeições gratuitas nas 11 cantinas do campus de Mountain View. O ambiente da empresa é multicultural. Há americanos, indianos, asiáticos, africanos. Assim também são as cantinas, de culinárias variadas. Uma delas, o 180 Café, serve apenas comida orgânica produzida a 180 milhas - aproximadamente 290 quilômetros - da sede. Como no campus de Stanford, as cantinas estão entre os lugares preferidos para as reuniões de trabalho, assim como os gramados. É freqüente passar pelas salas de reunião e verificar que estão vazias.
2. Horário flexível
Cada funcionário do Google tem cerca de 20% do tempo livre para desenvolver s projetos pessoais. Isso significa um dia por semana sem precisar prestar contas do que se está fazendo. Foi em seus dias livres que o programador turco Orkut Buyukotten criou o site de relacionamentos que leva seu nome, hoje um dos principais sucessos da rede. "Para os gerentes do Google, horário não é importante, a não ser que seja numa área de vendas onde há reuniões com clientes", diz Alexandre Hohagen, diretor do Google no Brasil. "O importante é cumprir as tarefas dentro do prazo." No campus de Mountain View, os funcionários são incentivados a ter horas livres durante o, por assim dizer, "expediente", palavra que parece pouco adequada para descrever o que se vê no Google. Existe uma piscina coberta, uma quadra de vôlei de praia, mesas de pingue-pongue e outros jogos, sala com videogames e academia de ginástica. Os projetos são desenvolvidos em grupos de três ou quatro pessoas. Page costuma dizer que isso recria, de certa forma, o espírito dos trabalhos na universidade. Há quem questione esse desperdício de tempo dos funcionários, dizendo que tal prática só é possível numa empresa rica como o Google. Pode ser que o modelo não seja exportável. Mas em Mountain View funciona perfeitamente.
3. Funcionários escolhidos como uma comunidade
Brin e Page gostam de pensar o Google como uma comunidade. Sabe aqueles grupos de amigos da faculdade que se reúnem em torno de gostos comuns, em que os novos integrantes precisam passar por uma espécie de prova para ser aceitos? É assim o Google. Existe até uma gíria que designa aquele tipo de pessoa que combina com o espírito da empresa, "Googley". No início do Google, Brin e Page gostavam de entrevistar pessoalmente os candidatos a funcionário. Antes da entrevista, eles tinham de responder a uma espécie de prova. No questionário, além de problemas matemáticos, havia perguntas do tipo: "Qual das alternativas abaixo não combina com os interesses de um Googley?". As alternativas: basquete feminino; fãs de Buffy, a caça-vampiros; jogadores de críquete; vencedores do Prêmio Nobel; clubes de degustação de vinho. Qual a resposta certa? Não existe. "Gostamos de gente que, na soma das respostas, fuja de um padrão previsível", disse Brin numa entrevista. Uma cultura criativa, para ele, é aquela em que não há uma resposta certa, mas muitas respostas possíveis.
4. Incentivo ao risco
Toda empresa tem seu folclore. Uma das fábulas mais repetidas dentro do Google refere-se a uma das vice-presidentes da empresa, Sheryl Sandberg. Numa ocasião, Sheryl tocava um projeto na área de publicidade e cometeu um erro de cálculo. A empreitada, implantada a jato, em consonância com a cultura da empresa, resultou numa perda de US$ 1 milhão - quando o episódio é comentado dentro do Google, ninguém conta qual era o projeto e, questionada sobre isso pela revista americana Fortune, Sheryl não quis revelar. Chateada com o que aconteceu, ela se reportou a Brin. "Sinto-me muito mal sobre tudo isso", disse ela. De acordo com o folclore, Brin teria respondido: "Pois eu fico muito feliz com o que aconteceu. Nesta empresa, caminhamos muito rápido porque corremos risco. Se nunca fracassamos, é porque não corremos risco suficiente". Como boa lenda urbana, a história circula no Google atribuída a diferentes pessoas. Há quem diga que o protagonista é o diretor Richard Holden, da área de publicidade. Ela reflete o espírito de uma empresa em que as equipes costumam ter maior autonomia que a média e o fracasso é em geral considerado parte do processo.
5. Informações compartilhadas
Em 1998, a consultora Shona Brown, da empresa McKinsey, escreveu um livro em que afirma que toda empresa criativa tem de conviver com uma dose de caos. Coincidência ou não, o livro foi lançado no ano da fundação do Google. Não foi por coincidência que, depois de ler o livro, Brin e Page decidiram contratar Shona. Ela hoje ocupa uma diretoria dentro do Google. Um dos princípios básicos das empresas criativas, segundo ela, é a livre circulação de informações. Essa é uma das bases do funcionamento do Google. Quase todos os funcionários têm acesso aos projetos desenvolvidos dentro da empresa. Com isso, todos podem dar palpites sobre as idéias e melhorá-las, num espírito de criação coletiva. A contrapartida disso é que eles guardem segredo.
Entrevistas para veículos de imprensa são desencorajadas. Mesmo as fotos dentro do Googleplex são controladas. No espírito de criação coletiva que reina dentro da empresa, não é incomum que as paredes sejam preenchidas com fórmulas matemáticas que, devidamente interpretadas, podem levar à próxima idéia de bilhões de dólares. É indesejável que algo assim saia estampado nas páginas de um jornal, à vista de cientistas das empresas concorrentes. Os funcionários também podem apresentar suas idéias diretamente ao primeiro escalão. Marissa Meyer, diretora responsável pela área de inovação, recebe três vezes por semana os portadores de novas idéias. As melhores recebem imediatamente o sinal verde para ir em frente.
6. Lançamentos experimentais
Dentro do site do Google existem os "Google Labs", um endereço em que é possível acessar alguns dos projetos desenvolvidos na empresa e opinar sobre eles. Os lançamentos "beta" - nome dado na gíria da computação aos programas lançados antes da fase de acabamento para testar o mercado - acompanham Brin e Page desde a fundação do Google. Quando colocaram no ar o programa de busca da Biblioteca de Stanford, Brin e Page fizeram questão de saber a opinião de todos que o usavam. Foram aperfeiçoando a ferramenta a partir daí. O resultado é o maior sistema de buscas do mundo. A página do Google na internet, completamente branca, com apenas um campo para digitar a palavra-chave, alguns links e o logotipo colorido que caracteriza a marca, foi desenvolvida com base no retorno dos usuários. No início do Google, quando a empresa ainda não tinha receita, Brin e Page receberam várias ofertas para pôr anúncios na página inicial. Recusaram depois de ouvir as opiniões de usuários, a maioria de dentro de Stanford. Eles acham até hoje que essas opiniões ajudam a aperfeiçoar as ferramentas. Por isso insistem nos lançamentos em "beta". Embora seja usado dentro do Google, o termo não é exatamente apropriado. Os testes do Google não são feitos com um público restrito. São disseminados por toda a internet - o campo de testes é o mundo inteiro.
Em vez de vender programas para rodar no microcomputador do usuário, como a Microsoft, o Google dá de graça produtos pela internet. Eles podem ser acessados de qualquer computador - no espírito do que se convencionou chamar de internet 2.0. Alguns softwares lançados pelo Google concorrem diretamente com a empresa de Bill Gates e, com a concorrência, a Microsoft teve de aperfeiçoar seus produtos. A estratégia do Google, ao dar de graça seus produtos, não é apenas invadir o terreno da rival. "Podemos não ganhar dinheiro com todos os produtos que lançamos", disse a ÉPOCA Marissa Meyer, executiva responsável pela parte de inovação na empresa (veja a entrevista no fim da matéria). "Eles servem, em primeiro lugar, para criar uma comunidade de usuários do Google. Os produtos são uma porta de entrada para o programa de busca, nossa principal fonte de receita."
AS IDÉIAS QUE FIZERAM A "RENASCENÇA" NA CALIFÓRNIA
1. A universidade inovadora e o pólo da inovação
O economista Michael Porter, professor da Universidade Harvard e um dos principais pesquisadores da inovação s na economia, é o criador do conceito de cluster, ou pólo tecnológico. Segundo ele, os pólos são regiões que naturalmente encontram vocações para alguma atividade econômica. A partir daí toda a economia - da produção de conhecimento ao comércio - passa a girar em torno dessa atividade. Poucos casos exemplificam tão bem essa teoria quanto Stanford e o Vale do Silício.
Stanford sempre foi uma universidade marcada pela inovação. Lá deram aulas professores como o Nobel de Química Linus Pauling, que desvendou a estrutura do átomo, e escritores como o também Nobel Alexander Soljenitsin, o russo que mostrou ao mundo o lado sangrento da ditadura soviética. No fim dos anos 60, ocorreram em Stanford as primeiras manifestações estudantis contra a Guerra do Vietnã. Hoje, Stanford é a universidade de onde saíram não apenas Brin e Page, mas também David Filo e Larry Young, os fundadores do Yahoo. Em 1996, Bill Gates criou em Stanford um instituto de pesquisas. Mal sabia ele que de lá sairia aquele que é seu principal concorrente hoje: o Google.
Qual o segredo do ambiente inovador de Stanford? Ela leva mais adiante que quase todas as outras universidades dois princípios básicos da academia americana - e que costumam ser heresia no Brasil. O primeiro é o foco no empreendedorismo. Os alunos não aprendem apenas a pesquisar, mas também a implantar suas idéias no mundo real. O segundo é a integração com a economia da região. Os professores não têm vergonha de fazer intercâmbio com empresas nem de apresentar a companhias as idéias de seus alunos.
2. A "rede" da tecnologia
No mundo intercomunicado dos dias atuais, não faz diferença ter uma boa idéia na Índia, na Irlanda ou no Cazaquistão, pois é possível encontrar parceiros para desenvolvê-la em qualquer lugar, pela internet. Certo? Errado. O professor Chong-Moon Lee, coreano naturalizado americano que leciona em Stanford, pesquisou de forma precisa o Vale do Silício. Concluiu que o florescimento tecnológico só foi possível graças à rede de relações pessoais que se construiu na Califórnia.
Professores universitários apresentavam alunos brilhantes a investidores. Investidores ouviam seus projetos e, contagiados pelo entusiasmo e de olho na possibilidade de ganhar dinheiro, financiavam as boas idéias. O próprio Google surgiu assim. Depois de inventar seu método de busca, batizado Page Rank, Brin e Page o patentearam e decidiram vender a idéia por US$ 1 milhão à empresa AltaVista, que trabalhava com programas de busca. O AltaVista não quis comprá-la. Brin e Page pediram então ajuda a um professor da universidade, David Cheriton. Ele os apresentou a um investidor, Andy Bechtolsheim. Na época, 1998, ninguém acreditava que programas de busca pudessem dar dinheiro. Mesmo assim, Bechtolsheim tirou um talão do bolso e preencheu um cheque de US$ 100 mil. Ele disse que "era a primeira boa idéia que ouvia em anos e queria fazer parte dela" e que US$ 100 mil lhe pareceu "um bom número, por ser redondo". O cheque estava em nome de "Google Inc". Brin e Page não haviam ainda criado a empresa. Tiveram de registrá-la às pressas para descontar o cheque. Assim nasceu o Google.
3. A cauda longa
Em São Francisco está a sede da revista que melhor resume o espírito do Vale do Silício, a Wired. Seu diretor, o britânico Chris Anderson, lançou no início deste ano o livro A Cauda Longa. Nele, Anderson afirma que acabou a era da massificação. Hoje, os consumidores sabem exatamente que tipo de produto querem e têm demandas mais sofisticadas. Para atender esse público, os produtores culturais, em todas as áreas, terão de ser cada vez mais específicos. Na capa da edição americana de A Cauda Longa, abaixo do título há uma frase de Eric Schmidt, principal executivo do Google. "As idéias de Anderson influenciam o pensamento estratégico do Google de maneira profunda." O Google, na verdade, entendeu a idéia da "Cauda Longa" muito antes que ela tivesse sido sistematizada por Anderson. Apenas uma idéia garante mais de 95% das receitas do Google. Ela é quase tão genial quanto o programa de busca que hierarquiza os resultados: são os links patrocinados.
Essa idéia - que originalmente nem é do Google, mas de Bill Gross, um inovador que já criou várias empresas no Vale do Silício - revolucionou o mercado de anúncios na internet, ao conseguir atender a demandas específicas de pequenos anunciantes que não eram atendidas pela mídia tradicional. Quando alguém realiza uma busca no Google, s aparecem anúncios à direita da página. Esses anúncios também são hierarquizados de acordo com as palavras buscadas pelo internauta. Na idéia original de Gross, os anunciantes pagavam para que seus sites aparecessem no alto dos resultados das buscas. Ao adaptá-la, o Google também inovou. Passou a usar um critério similar ao do mercado editorial: separou a publicidade do conteúdo da busca. Usando essa política, o Google ganhou credibilidade. Os links patrocinados, pulverizados entre centenas de milhares de anunciantes, são a materialização da idéia central do livro de Anderson: em vez de ganhar muito dinheiro de poucos clientes, o Google ganha um pouco de dinheiro de muitos clientes. Prova de que isso dá certo é o faturamento anual do Google, estimado em cerca de US$ 11 bilhões para 2006, ou algo como um terço de toda a publicidade on-line nos Estados Unidos.
Depender tanto assim dos links patrocinados é uma vulnerabilidade do Google, segundo afirma o especialista em internet John Batelle no livro A Busca: "Eles têm apenas uma fonte de faturamento, e tudo o que puder reduzir essa fonte de faturamento pode destruir a empresa". Batelle diz ainda que cada vez mais empresas e usuários conseguem fraudar o sistema de busca. Mesmo assim, o Google parece ter dinheiro e, mais que isso, uma força inovadora suficiente para vencer essa briga. A leitura do livro de Anderson ainda deixa duas perguntas no ar. Num mundo com demandas cada vez mais específicas, seriam os programas de busca o elo natural entre os consumidores e esses produtos? Será o mercado de anúncios pulverizado como os links patrocinados? Talvez o futuro responda às duas perguntas com uma única palavra: Google.
4. A contracultura
No fim da Segunda Guerra Mundial, os Estados Unidos emergiram vitoriosos. Houve, porém, um número grande de traumatizados e mutilados, com dificuldade para retomar a vida normal nos moldes de antes da guerra. Foi nessa época que vários artistas, sem formar um movimento unificado, resolveram empreender uma viagem interior e outra exterior. A viagem interior foi pelo mundo das drogas e das filosofias orientais. A exterior, pelos Estados Unidos. Esta última, de acordo com o poeta Lawrence Ferlinghetti, terminaria em São Francisco por questões geográficas: era o extremo leste do país. Surgia assim a "geração beat", de escritores como Jack Kerouac, Gregory Corso e William Burroughs. "Era o embrião de uma nova América", na análise de Ferlinghetti. Esse novo país emergiria posteriormente com a contracultura e os movimentos de direitos civis. Foi o germe da década que mudou o mundo: os anos 60.
"A Califórnia é o berço de uma cultura que de certa maneira ia na contramão daquilo que os Estados Unidos achavam que eram", diz o ensaísta Paul Saffo, um dos mais respeitados analistas de tecnologia e também professor de Stanford. "Essa cultura valorizava as relações pessoais e não tinha medo do fracasso. Ambas as coisas estão na raiz do sucesso do Vale do Silício, que se construiu sobre uma rede de relacionamentos como não existe em outro lugar dos Estados Unidos e sobre a idéia de que fracassar não era necessariamente um valor negativo, como no resto do país." De acordo com ele, existe algo da paixão estética de Jack Kerouac - resumida no verso "quero casar com meus romances para ter meus contos como filhos" - na obstinação com que os empresários do Vale do Silício se dedicam a suas idéias, mesmo quando elas parecem não ter a mínima chance de dar certo. Exatamente como Sergey Brin e Larry Page quando criaram o Google.
4 PERGUNTAS PARA Marissa Meyer
Uma das vice-presidentes da empresa, Marissa Meyer conhece Brin e Page desde os primeiros tempos em Stanford. Atualmente ela atua focada na área de inovação e é uma das principais executivas do Google
Qual é sua contribuição para tornar o ambiente do Google ainda mais inovador?
Eu instituí no Google uma prática da universidade. As pessoas podem se inscrever para sessões em que mostram seus projetos para mim, como naqueles horários em que os alunos conversam com o orientador. Assim, participo do desenvolvimento das novas idéias. Faço isso três vezes por semana.
O Orkut é um exemplo de produto do Google que não gera renda. Não preocupa vocês depender tanto do programa de busca?
Ele ajuda a dar renda, na medida em que ajuda a formar uma comunidade. Todos os produtos do Google agem de forma integrada, como diferentes portas através das quais os usuários chegam ao programa de busca, onde estão os links patrocinados.
Qual porcentagem da renda do Google vem dos links patrocinados?
Entre 95% e 98%. Metade dos engenheiros da companhia trabalha no aperfeiçoamento do programa de busca.
Qual é a porcentagem de funcionários do Google que trabalham na área de pesquisa e desenvolvimento?
Pode-se dizer que todo o Google é uma empresa de pesquisa e desenvolvimento.
Como dois garotos da Califórnia criaram a cultura empresarial mais inovadora do mundo
JOÃO GABRIEL DE LIMA, de Mountain View
O google é a empresa que melhor traduz o espírito de nosso tempo. Ela está para o século XXI assim como Ford ou Coca-Cola estiveram para o século XX. A Ford inventou a linha de montagem e inaugurou a era do consumo de massa. A Coca-Cola, refrigerante químico que não imitava o sabor de nenhuma fruta, é o símbolo da era das marcas. O Google representa outra época - a era da inovação. A era em que uma boa idéia vale milhões de dólares. Ou bilhões.
O sistema de buscas do Google é uma idéia assim. Seus criadores, Larry Page e Sergey Brin, debruçaram-se sobre uma das questões cruciais de nosso tempo: num mundo dominado pela informação, como saber o que é relevante? Passaram noites em claro nos dormitórios da Universidade Stanford, em Palo Alto, na Califórnia, e chegaram a um método de busca, chamado "Page Rank", que hierarquiza as informações de acordo com o número de páginas da internet que as citam (por meio de links). Brin e Page tiveram uma única idéia genial - uma idéia de US$ 150 bilhões, valor aproximado do Google no mercado acionário. Em oito anos de existência, o Google já vale mais que a Coca-Cola.
Pode-se definir o Google como uma empresa em que 9 mil funcionários tentam ter uma idéia tão genial e tão valiosa quanto a que Brin e Page tiveram em 1998 e que deu origem à empresa. Estima-se que o Google, nos últimos três anos, tenha lançado um produto novo por semana.
Muitos são colocados no ar em caráter experimental e retirados em seguida. Por isso é difícil saber exatamente quantos tentáculos o Google possui. No momento em que você lê esta reportagem, há cerca de 40 produtos funcionando e mais 30 em caráter experimental.
A volúpia de lançamentos frenéticos e inacabados do Google se baseia em uma lógica empresarial ousada e pioneira: a companhia abre suas idéias para que os concorrentes as copiem e aperfeiçoem. Há um pensamento estratégico por trás desse aparente disparate. "Cada idéia lançada pelo Google é um potencial novo Google, pode ser um bilhete premiado", escreveu o analista Phillip Remek, da consultoria Guzman & Co, especializada em tecnologia. "Eles lançam tantos produtos para desnortear os concorrentes, são espertos o suficiente para saber que poucos seriam tão espertos para saber qual é o bilhete premiado com cinco anos de antecedência."
Das mais de 150 idéias que os 9 mil funcionários do Google tiveram nos últimos três anos, algumas são geniais. É o caso do Orkut, o site de relacionamentos que faz um tremendo sucesso no Brasil. Outras idéias inovadoras, o Google soube comprar dos próprios inventores. É o caso do Google Earth, o site em que é possível localizar qualquer lugar do planeta Terra e obter uma foto aérea com algum nível de detalhe, ou do célebre YouTube, o maior site de vídeos do mundo. O que torna o Google tão inovador?
O Google reflete o espírito de nosso tempo porque se localiza no lugar do mundo que está para os dias de hoje como Florença para a época renascentista: o Vale do Silício, na Califórnia. Em Florença, a prosperidade dos Médicis impulsionava os artistas por meio do mecenato. Na Califórnia, a economia mais pujante do mundo encontra seu pólo de vanguarda. Como costuma ocorrer nos focos de prosperidade econômica, é lá que aparecem as idéias inovadoras. Do eBay, que mudou o comércio, ao YouTube, que transformou radicalmente o mundo das imagens, é no Vale do Silício que surgem as iniciativas de maior impacto cultural na atualidade. O Google está no centro dessa efervescência. Um passeio por sua sede mostra como funciona a Florença do século XXI e como essa cultura gerou a empresa mais inovadora do mundo.
A CULTURA GOOGLE E OS "GOOGLEYS"
1. Ambiente de campus universitário
A sede do Google fica em Mountain View, cidadezinha da Califórnia a aproximadamente uma hora de trem de São Francisco. Três estações antes de Mountain View está Palo Alto, onde se localiza a Universidade Stanford, a segunda melhor dos Estados Unidos de acordo com o ranking elaborado anualmente pela revista semanal U.S. News and World Report (a primeira é Harvard). Page e Brin estudaram em Stanford. O Google foi lançado experimentalmente como o programa de buscas da biblioteca da universidade. A idéia toda foi desenvolvida com um orçamento de US$ 10 mil. Brin e Page acreditam que nenhum ambiente é mais inovador que uma universidade. No Googleplex, nome pelo qual é também conhecida a sede do Google, os dois tentam reviver o ambiente de Stanford, três estações de trem adiante.
Empresas de tecnologia gostam de usar a palavra campus para definir seus Q.Gs. Embora a Microsoft também faça isso, em nenhum lugar a denominação parece mais apropriada que no Google. A sede da empresa realmente parece uma faculdade. Os funcionários, em geral abaixo de 30 anos, costumam ir trabalhar com a mesma roupa com que iriam a um show de rock. Bermuda, boné e camiseta são trajes comuns. As baias de trabalho parecem quartos de adolescentes. Em geral são bagunçadas e adornadas por pôsteres de divas pop, como Britney Spears, ou esportistas, como Shaquille O'Neal. Ninguém é obrigado a trabalhar nas baias. Nos dias de sol - e eles são muitos na Califórnia, mesmo na região de São Francisco, conhecida pelo índice alto de chuvas -, é comum ver jovens sentados nos gramados do campus com seus laptops.
O guru do liberalismo, Milton Friedman, costumava dizer que em economia não existe almoço grátis. No Google existe. Os funcionários da empresa têm direito a três refeições gratuitas nas 11 cantinas do campus de Mountain View. O ambiente da empresa é multicultural. Há americanos, indianos, asiáticos, africanos. Assim também são as cantinas, de culinárias variadas. Uma delas, o 180 Café, serve apenas comida orgânica produzida a 180 milhas - aproximadamente 290 quilômetros - da sede. Como no campus de Stanford, as cantinas estão entre os lugares preferidos para as reuniões de trabalho, assim como os gramados. É freqüente passar pelas salas de reunião e verificar que estão vazias.
2. Horário flexível
Cada funcionário do Google tem cerca de 20% do tempo livre para desenvolver s projetos pessoais. Isso significa um dia por semana sem precisar prestar contas do que se está fazendo. Foi em seus dias livres que o programador turco Orkut Buyukotten criou o site de relacionamentos que leva seu nome, hoje um dos principais sucessos da rede. "Para os gerentes do Google, horário não é importante, a não ser que seja numa área de vendas onde há reuniões com clientes", diz Alexandre Hohagen, diretor do Google no Brasil. "O importante é cumprir as tarefas dentro do prazo." No campus de Mountain View, os funcionários são incentivados a ter horas livres durante o, por assim dizer, "expediente", palavra que parece pouco adequada para descrever o que se vê no Google. Existe uma piscina coberta, uma quadra de vôlei de praia, mesas de pingue-pongue e outros jogos, sala com videogames e academia de ginástica. Os projetos são desenvolvidos em grupos de três ou quatro pessoas. Page costuma dizer que isso recria, de certa forma, o espírito dos trabalhos na universidade. Há quem questione esse desperdício de tempo dos funcionários, dizendo que tal prática só é possível numa empresa rica como o Google. Pode ser que o modelo não seja exportável. Mas em Mountain View funciona perfeitamente.
3. Funcionários escolhidos como uma comunidade
Brin e Page gostam de pensar o Google como uma comunidade. Sabe aqueles grupos de amigos da faculdade que se reúnem em torno de gostos comuns, em que os novos integrantes precisam passar por uma espécie de prova para ser aceitos? É assim o Google. Existe até uma gíria que designa aquele tipo de pessoa que combina com o espírito da empresa, "Googley". No início do Google, Brin e Page gostavam de entrevistar pessoalmente os candidatos a funcionário. Antes da entrevista, eles tinham de responder a uma espécie de prova. No questionário, além de problemas matemáticos, havia perguntas do tipo: "Qual das alternativas abaixo não combina com os interesses de um Googley?". As alternativas: basquete feminino; fãs de Buffy, a caça-vampiros; jogadores de críquete; vencedores do Prêmio Nobel; clubes de degustação de vinho. Qual a resposta certa? Não existe. "Gostamos de gente que, na soma das respostas, fuja de um padrão previsível", disse Brin numa entrevista. Uma cultura criativa, para ele, é aquela em que não há uma resposta certa, mas muitas respostas possíveis.
4. Incentivo ao risco
Toda empresa tem seu folclore. Uma das fábulas mais repetidas dentro do Google refere-se a uma das vice-presidentes da empresa, Sheryl Sandberg. Numa ocasião, Sheryl tocava um projeto na área de publicidade e cometeu um erro de cálculo. A empreitada, implantada a jato, em consonância com a cultura da empresa, resultou numa perda de US$ 1 milhão - quando o episódio é comentado dentro do Google, ninguém conta qual era o projeto e, questionada sobre isso pela revista americana Fortune, Sheryl não quis revelar. Chateada com o que aconteceu, ela se reportou a Brin. "Sinto-me muito mal sobre tudo isso", disse ela. De acordo com o folclore, Brin teria respondido: "Pois eu fico muito feliz com o que aconteceu. Nesta empresa, caminhamos muito rápido porque corremos risco. Se nunca fracassamos, é porque não corremos risco suficiente". Como boa lenda urbana, a história circula no Google atribuída a diferentes pessoas. Há quem diga que o protagonista é o diretor Richard Holden, da área de publicidade. Ela reflete o espírito de uma empresa em que as equipes costumam ter maior autonomia que a média e o fracasso é em geral considerado parte do processo.
5. Informações compartilhadas
Em 1998, a consultora Shona Brown, da empresa McKinsey, escreveu um livro em que afirma que toda empresa criativa tem de conviver com uma dose de caos. Coincidência ou não, o livro foi lançado no ano da fundação do Google. Não foi por coincidência que, depois de ler o livro, Brin e Page decidiram contratar Shona. Ela hoje ocupa uma diretoria dentro do Google. Um dos princípios básicos das empresas criativas, segundo ela, é a livre circulação de informações. Essa é uma das bases do funcionamento do Google. Quase todos os funcionários têm acesso aos projetos desenvolvidos dentro da empresa. Com isso, todos podem dar palpites sobre as idéias e melhorá-las, num espírito de criação coletiva. A contrapartida disso é que eles guardem segredo.
Entrevistas para veículos de imprensa são desencorajadas. Mesmo as fotos dentro do Googleplex são controladas. No espírito de criação coletiva que reina dentro da empresa, não é incomum que as paredes sejam preenchidas com fórmulas matemáticas que, devidamente interpretadas, podem levar à próxima idéia de bilhões de dólares. É indesejável que algo assim saia estampado nas páginas de um jornal, à vista de cientistas das empresas concorrentes. Os funcionários também podem apresentar suas idéias diretamente ao primeiro escalão. Marissa Meyer, diretora responsável pela área de inovação, recebe três vezes por semana os portadores de novas idéias. As melhores recebem imediatamente o sinal verde para ir em frente.
6. Lançamentos experimentais
Dentro do site do Google existem os "Google Labs", um endereço em que é possível acessar alguns dos projetos desenvolvidos na empresa e opinar sobre eles. Os lançamentos "beta" - nome dado na gíria da computação aos programas lançados antes da fase de acabamento para testar o mercado - acompanham Brin e Page desde a fundação do Google. Quando colocaram no ar o programa de busca da Biblioteca de Stanford, Brin e Page fizeram questão de saber a opinião de todos que o usavam. Foram aperfeiçoando a ferramenta a partir daí. O resultado é o maior sistema de buscas do mundo. A página do Google na internet, completamente branca, com apenas um campo para digitar a palavra-chave, alguns links e o logotipo colorido que caracteriza a marca, foi desenvolvida com base no retorno dos usuários. No início do Google, quando a empresa ainda não tinha receita, Brin e Page receberam várias ofertas para pôr anúncios na página inicial. Recusaram depois de ouvir as opiniões de usuários, a maioria de dentro de Stanford. Eles acham até hoje que essas opiniões ajudam a aperfeiçoar as ferramentas. Por isso insistem nos lançamentos em "beta". Embora seja usado dentro do Google, o termo não é exatamente apropriado. Os testes do Google não são feitos com um público restrito. São disseminados por toda a internet - o campo de testes é o mundo inteiro.
Em vez de vender programas para rodar no microcomputador do usuário, como a Microsoft, o Google dá de graça produtos pela internet. Eles podem ser acessados de qualquer computador - no espírito do que se convencionou chamar de internet 2.0. Alguns softwares lançados pelo Google concorrem diretamente com a empresa de Bill Gates e, com a concorrência, a Microsoft teve de aperfeiçoar seus produtos. A estratégia do Google, ao dar de graça seus produtos, não é apenas invadir o terreno da rival. "Podemos não ganhar dinheiro com todos os produtos que lançamos", disse a ÉPOCA Marissa Meyer, executiva responsável pela parte de inovação na empresa (veja a entrevista no fim da matéria). "Eles servem, em primeiro lugar, para criar uma comunidade de usuários do Google. Os produtos são uma porta de entrada para o programa de busca, nossa principal fonte de receita."
AS IDÉIAS QUE FIZERAM A "RENASCENÇA" NA CALIFÓRNIA
1. A universidade inovadora e o pólo da inovação
O economista Michael Porter, professor da Universidade Harvard e um dos principais pesquisadores da inovação s na economia, é o criador do conceito de cluster, ou pólo tecnológico. Segundo ele, os pólos são regiões que naturalmente encontram vocações para alguma atividade econômica. A partir daí toda a economia - da produção de conhecimento ao comércio - passa a girar em torno dessa atividade. Poucos casos exemplificam tão bem essa teoria quanto Stanford e o Vale do Silício.
Stanford sempre foi uma universidade marcada pela inovação. Lá deram aulas professores como o Nobel de Química Linus Pauling, que desvendou a estrutura do átomo, e escritores como o também Nobel Alexander Soljenitsin, o russo que mostrou ao mundo o lado sangrento da ditadura soviética. No fim dos anos 60, ocorreram em Stanford as primeiras manifestações estudantis contra a Guerra do Vietnã. Hoje, Stanford é a universidade de onde saíram não apenas Brin e Page, mas também David Filo e Larry Young, os fundadores do Yahoo. Em 1996, Bill Gates criou em Stanford um instituto de pesquisas. Mal sabia ele que de lá sairia aquele que é seu principal concorrente hoje: o Google.
Qual o segredo do ambiente inovador de Stanford? Ela leva mais adiante que quase todas as outras universidades dois princípios básicos da academia americana - e que costumam ser heresia no Brasil. O primeiro é o foco no empreendedorismo. Os alunos não aprendem apenas a pesquisar, mas também a implantar suas idéias no mundo real. O segundo é a integração com a economia da região. Os professores não têm vergonha de fazer intercâmbio com empresas nem de apresentar a companhias as idéias de seus alunos.
2. A "rede" da tecnologia
No mundo intercomunicado dos dias atuais, não faz diferença ter uma boa idéia na Índia, na Irlanda ou no Cazaquistão, pois é possível encontrar parceiros para desenvolvê-la em qualquer lugar, pela internet. Certo? Errado. O professor Chong-Moon Lee, coreano naturalizado americano que leciona em Stanford, pesquisou de forma precisa o Vale do Silício. Concluiu que o florescimento tecnológico só foi possível graças à rede de relações pessoais que se construiu na Califórnia.
Professores universitários apresentavam alunos brilhantes a investidores. Investidores ouviam seus projetos e, contagiados pelo entusiasmo e de olho na possibilidade de ganhar dinheiro, financiavam as boas idéias. O próprio Google surgiu assim. Depois de inventar seu método de busca, batizado Page Rank, Brin e Page o patentearam e decidiram vender a idéia por US$ 1 milhão à empresa AltaVista, que trabalhava com programas de busca. O AltaVista não quis comprá-la. Brin e Page pediram então ajuda a um professor da universidade, David Cheriton. Ele os apresentou a um investidor, Andy Bechtolsheim. Na época, 1998, ninguém acreditava que programas de busca pudessem dar dinheiro. Mesmo assim, Bechtolsheim tirou um talão do bolso e preencheu um cheque de US$ 100 mil. Ele disse que "era a primeira boa idéia que ouvia em anos e queria fazer parte dela" e que US$ 100 mil lhe pareceu "um bom número, por ser redondo". O cheque estava em nome de "Google Inc". Brin e Page não haviam ainda criado a empresa. Tiveram de registrá-la às pressas para descontar o cheque. Assim nasceu o Google.
3. A cauda longa
Em São Francisco está a sede da revista que melhor resume o espírito do Vale do Silício, a Wired. Seu diretor, o britânico Chris Anderson, lançou no início deste ano o livro A Cauda Longa. Nele, Anderson afirma que acabou a era da massificação. Hoje, os consumidores sabem exatamente que tipo de produto querem e têm demandas mais sofisticadas. Para atender esse público, os produtores culturais, em todas as áreas, terão de ser cada vez mais específicos. Na capa da edição americana de A Cauda Longa, abaixo do título há uma frase de Eric Schmidt, principal executivo do Google. "As idéias de Anderson influenciam o pensamento estratégico do Google de maneira profunda." O Google, na verdade, entendeu a idéia da "Cauda Longa" muito antes que ela tivesse sido sistematizada por Anderson. Apenas uma idéia garante mais de 95% das receitas do Google. Ela é quase tão genial quanto o programa de busca que hierarquiza os resultados: são os links patrocinados.
Essa idéia - que originalmente nem é do Google, mas de Bill Gross, um inovador que já criou várias empresas no Vale do Silício - revolucionou o mercado de anúncios na internet, ao conseguir atender a demandas específicas de pequenos anunciantes que não eram atendidas pela mídia tradicional. Quando alguém realiza uma busca no Google, s aparecem anúncios à direita da página. Esses anúncios também são hierarquizados de acordo com as palavras buscadas pelo internauta. Na idéia original de Gross, os anunciantes pagavam para que seus sites aparecessem no alto dos resultados das buscas. Ao adaptá-la, o Google também inovou. Passou a usar um critério similar ao do mercado editorial: separou a publicidade do conteúdo da busca. Usando essa política, o Google ganhou credibilidade. Os links patrocinados, pulverizados entre centenas de milhares de anunciantes, são a materialização da idéia central do livro de Anderson: em vez de ganhar muito dinheiro de poucos clientes, o Google ganha um pouco de dinheiro de muitos clientes. Prova de que isso dá certo é o faturamento anual do Google, estimado em cerca de US$ 11 bilhões para 2006, ou algo como um terço de toda a publicidade on-line nos Estados Unidos.
Depender tanto assim dos links patrocinados é uma vulnerabilidade do Google, segundo afirma o especialista em internet John Batelle no livro A Busca: "Eles têm apenas uma fonte de faturamento, e tudo o que puder reduzir essa fonte de faturamento pode destruir a empresa". Batelle diz ainda que cada vez mais empresas e usuários conseguem fraudar o sistema de busca. Mesmo assim, o Google parece ter dinheiro e, mais que isso, uma força inovadora suficiente para vencer essa briga. A leitura do livro de Anderson ainda deixa duas perguntas no ar. Num mundo com demandas cada vez mais específicas, seriam os programas de busca o elo natural entre os consumidores e esses produtos? Será o mercado de anúncios pulverizado como os links patrocinados? Talvez o futuro responda às duas perguntas com uma única palavra: Google.
4. A contracultura
No fim da Segunda Guerra Mundial, os Estados Unidos emergiram vitoriosos. Houve, porém, um número grande de traumatizados e mutilados, com dificuldade para retomar a vida normal nos moldes de antes da guerra. Foi nessa época que vários artistas, sem formar um movimento unificado, resolveram empreender uma viagem interior e outra exterior. A viagem interior foi pelo mundo das drogas e das filosofias orientais. A exterior, pelos Estados Unidos. Esta última, de acordo com o poeta Lawrence Ferlinghetti, terminaria em São Francisco por questões geográficas: era o extremo leste do país. Surgia assim a "geração beat", de escritores como Jack Kerouac, Gregory Corso e William Burroughs. "Era o embrião de uma nova América", na análise de Ferlinghetti. Esse novo país emergiria posteriormente com a contracultura e os movimentos de direitos civis. Foi o germe da década que mudou o mundo: os anos 60.
"A Califórnia é o berço de uma cultura que de certa maneira ia na contramão daquilo que os Estados Unidos achavam que eram", diz o ensaísta Paul Saffo, um dos mais respeitados analistas de tecnologia e também professor de Stanford. "Essa cultura valorizava as relações pessoais e não tinha medo do fracasso. Ambas as coisas estão na raiz do sucesso do Vale do Silício, que se construiu sobre uma rede de relacionamentos como não existe em outro lugar dos Estados Unidos e sobre a idéia de que fracassar não era necessariamente um valor negativo, como no resto do país." De acordo com ele, existe algo da paixão estética de Jack Kerouac - resumida no verso "quero casar com meus romances para ter meus contos como filhos" - na obstinação com que os empresários do Vale do Silício se dedicam a suas idéias, mesmo quando elas parecem não ter a mínima chance de dar certo. Exatamente como Sergey Brin e Larry Page quando criaram o Google.
4 PERGUNTAS PARA Marissa Meyer
Uma das vice-presidentes da empresa, Marissa Meyer conhece Brin e Page desde os primeiros tempos em Stanford. Atualmente ela atua focada na área de inovação e é uma das principais executivas do Google
Qual é sua contribuição para tornar o ambiente do Google ainda mais inovador?
Eu instituí no Google uma prática da universidade. As pessoas podem se inscrever para sessões em que mostram seus projetos para mim, como naqueles horários em que os alunos conversam com o orientador. Assim, participo do desenvolvimento das novas idéias. Faço isso três vezes por semana.
O Orkut é um exemplo de produto do Google que não gera renda. Não preocupa vocês depender tanto do programa de busca?
Ele ajuda a dar renda, na medida em que ajuda a formar uma comunidade. Todos os produtos do Google agem de forma integrada, como diferentes portas através das quais os usuários chegam ao programa de busca, onde estão os links patrocinados.
Qual porcentagem da renda do Google vem dos links patrocinados?
Entre 95% e 98%. Metade dos engenheiros da companhia trabalha no aperfeiçoamento do programa de busca.
Qual é a porcentagem de funcionários do Google que trabalham na área de pesquisa e desenvolvimento?
Pode-se dizer que todo o Google é uma empresa de pesquisa e desenvolvimento.
sexta-feira, janeiro 05, 2007
quinta-feira, janeiro 04, 2007
Ação política
Pode ser puro marketing pessoal, mas estou gostando bastante da atitude do novo governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral Filho (PMDB). O cara logo na segunda-feira (01/01), dia em que assumiu o governo, solicitou ajuda ao governo federal no combate a violência. Agora estava lendo que ele visitou um Hospital Estadual, ficou impressionado com as barbáries que viu e estava tentando tomar as medidas possíveis. Parece bem intencionado e parece que está bem animado neste início de governo.
A justiça perde tempo com tanta baboseira
Hoje estava lendo "Liminar da Justiça pede que YouTube saia do ar no Brasil por vídeos de Cicarelli".
Acho que se alguém cometeu algum crime foi o casal, que foi inventar de fazer este tipo de coisa em um lugar público. Se tinha a tara, que arque com as conseqüências.
Acho que se alguém cometeu algum crime foi o casal, que foi inventar de fazer este tipo de coisa em um lugar público. Se tinha a tara, que arque com as conseqüências.
quarta-feira, janeiro 03, 2007
Alagoas X Rio de Janeiro
Qual a diferença entre a violência no Rio de Janeiro em Alagoas?
Do meu ponto de vista no Rio a violência é generalizada. Há bala perdida. Em Alagoas as balas têm destino certo. Os "serviços" são muito bem feitos para não deixar espaço para falhas. Podem conferir aqui.
Eu adimito. Esta foi uma brincadeira de mau gosto.
Do meu ponto de vista no Rio a violência é generalizada. Há bala perdida. Em Alagoas as balas têm destino certo. Os "serviços" são muito bem feitos para não deixar espaço para falhas. Podem conferir aqui.
Eu adimito. Esta foi uma brincadeira de mau gosto.
Alagoas conquistando espaço no futebol internacional
Em matéria publicada pelo Alagoas 24 Horas Adriano Gabiru, o autor do gol da conquista do Mundial 2006 pelo o Internacional, fala de seu desejo em terminar a carreira no CSA (Maceió-AL). Com um nome destes não podia se esperar muito. Fosse terminar no CRB ou no ASA, mas no CSA?
Brincadeiras a parte, 2006 foi uma ano de destaque para o futebol Alagoano. Conquistas individuais é verdade, mas muito importantes. Marta foi eleita a melhor jogadora de futebol do mundo. O Adriano Gabiru foi campeão mundial, campeão da Libertadores e vice campeão no Brasileirão pelo Inter. Souza e Aloízio Chulapa foram campeões no Brasileirão e vice na Libertadores pelo São Paulo.
Brincadeiras a parte, 2006 foi uma ano de destaque para o futebol Alagoano. Conquistas individuais é verdade, mas muito importantes. Marta foi eleita a melhor jogadora de futebol do mundo. O Adriano Gabiru foi campeão mundial, campeão da Libertadores e vice campeão no Brasileirão pelo Inter. Souza e Aloízio Chulapa foram campeões no Brasileirão e vice na Libertadores pelo São Paulo.
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