sábado, junho 28, 2008

Criança precisa mesmo de escola?

Antes que venham me criticar, o título foi intencional. A idéia era mesmo gerar polêmica e muita discussão. Como ponto de partida, sugiro a seguinte matéria da Folha.

Casal luta na Justiça para que os filhos só estudem em casa

Achei a iniciativa dos pais fantástica, assim como a disposição. Hoje em dia são poucos os pais que dispõem de tempo e têm paciência para dedicar-se tanto aos filhos. O esquema padrão hoje em dia é despacha os filhos para escola e aulas complementares (linguas, informática, esporte, música). Deixa eles completamente ocupados. Enquanto isso os pais passam o dia inteiro no trabalho, tentando arranjar dinheiro para pagar por tudo isso e, se possível, realizar-se profissionalmente.

Tem criança hoje em dia que parece mais grande empresário. Você abre a agenda delas e é difícil de encontrar tempo para fazer qualquer coisa que fuja de suas obrigações rotineiras. Brincar nem pensar. Muito menos ficar na rua com os amigos. Isso tudo é pura perda de tempo. No meu tempo (parece até que já sou um centenário) "obrigação" de criança era brincar e curtir a infância. Claro que tinha responsabilidade, mas nada desta carga absurda que se vê hoje em dia. Durante minha infância e adolescência, estudava um horário apenas e o máximo que fiz de extra foi algum esporte na escola. Gastava ainda algum tempo fazendo as tarefas de casa, mas sobrava um bom tempo no dia para fazer "besteira", normalmente com meus irmãos, mas muitas vezes também com primos. Brincar na rua era mais difícil, mas algumas vezes acontecia.

Bom ... mas vamos tentar voltar ao tema principal, sobre o casal da matéria. Os pais respondem a processos nas áreas cível, por infringir o Estatuto da Criança e do Adolescente, e criminal, por abandono intelectual. Caso condenados, podem perder a guarda dos filhos. Pelo que se lê na matéria cheira a uma interpretação radical das leis. Imagino que a lei tenha sido criada para evitar que criança ao invés de estudar e brincar fosse trabalhar. Aplica-se à grande maioria muito bem, mas aqui não parece ser o caso. Os pais não estão negando o direito de estudar dos filhos, eles apenas decidiram não utilizar o modelo padrão de nossa sociedade. Modelo este que tem suas deficiências já na concepção e que, pelo menos no Brasil, é de qualidade duvidosa em sua maioria.

Concordo quando se diz que a função da escola vai muito além do ensino e que o convívio escolar tem um papel importantíssimo na vida da criança e do adolescente. Mas penso que isso pode ser suprido de outras formas. O problema é que temos sido displicentes na forma com que temos educado (em sua concepção mais ampla) nossos filhos e a sociedade como um todo entendeu que a responsabilidade agora era da escola. Daí se tiramos a escola de cena, como fica?

Um comentário:

Anônimo disse...

Acho que a lei brasileira atual é bemantiquada nesse ponto. Homeschooling é uma prática válida e bem interessante desde que bem regulamentada. Por exemplo, o aluno poderia ir uma vez por ano à escola, só para fazer uma prova de nivelamento que garantiria que ele adquiriu o conhecimento necessário para avançar para a próxima série.

Isso funciona e é, inclusive, assim que muitos de nós faz durante a universidade, estudando em casa e indo à universidade só para fazer as provas.

Seria legal se muitos de nós divulgasse esse caso. Assim, quando o caso subir para a instância federal, o apoio popular poderia contribuir para uma decisão favorável ao casal e, quem sabe, fazer com que o homeschooling fosse devidamente regulamentado nas leis brasileiras