sábado, julho 21, 2007

Sobre a tragédia do vôo 3054

Foi um acidente anunciado. Perdi a conta de quantas vezes li ou vi reportagens sobre derrapagens em Congonhas. Os mais significativos? Na minha opinião aquele do avião da BRA que ficou com o bico do lado de fora da pista. Bem visível lá da avenida. O outro o do avião da Pantanal na segunda-feira, que aconteceu no dia anterior ao acidente.

Sei que é cedo para afirmar algo, mas acredito que a culpa recai em parte para o governo e em parte para a TAM.

Pelo lado do governo, toda a pressão para resolver o mais rápido a questão dos atrasos e cancelamentos de vôos liberou a pista principal de Congonhas mesmo sem o tal do grooving. Outras questões também de responsabilidade do governo, a localização do aeroporto numa região central da cidade, uma pista curta e a ausência da tal área de contenção, que já deveria ter se tornado exigência para todos os aeroportos no mundo. Estas medidas que foram anunciadas ontem pelo presidente já deveriam ter sido tomadas. A principal, reduzir consideravelmente o tráfego em Congonhas.

Pelo lado da TAM, na ânsia de reduzir os prejuízos que certamente tem amargado desde o acidente com o avião da GOL no ano passado, mantém em funcionamento um avião, onde já foi detectado problema, em sua capacidade máxima.

Sei que não é a palavra correta, mas acho "engraçado" este jogo de palavras e de colocar a culpa para o outro. Todos os dias vemos nos noticiários as pessoas falarem algo e vem outro e diz: "isso é besteira, isso não seria a causa, bla bla bla". A pista curta, molhada e sem o grooving (util principalmente na chuva) não poderia ter sido a causa? Não isso é besteira. Tanto é assim que vimos outro pousar imediatamente antes. E o reverso que estava desativado, não seria a causa? Também não, o avião tem que ser capaz de frear sem eles.

Agora que tal juntar pista curta, molhada e sem grooving com um avião sem reverso que está em sua capacidade máxima?

Um piada sem graça agora. O tal do vice-presidente técnico da TAM, que falou no Jornal Nacional, disse que o avião não tinha defeitos que alterassem o padrão de vôo do avião. Eu não entendo nada de aviação, mas a gente não questionou o vôo. Ele pode ter voado que é uma beleza. O problema do avião foi frear.

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